quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

PRIORIZANDO OS ESTUDOS - APRENDENDO A DIZER "NÃO"

Sempre tive muita dificuldade em dizer "não" pras pessoas, quando me pediam alguma coisa. Por exemplo, sempre fui muito ligado a música, então as pessoas sempre me pediam dicas, listas de músicas pra baixar, pra correr/malhar, pra tocar nas festas... E eu sempre que solicitado me prontifiquei a providenciar o que as pessoas estavam precisando, mesmo que fosse em caráter de urgência (de um dia pro outro), muitas vezes sacrificando minhas próprias atividades. Eu faria isso, em primeiro lugar, é claro, porque tinha prazer em fazer coisas relacionadas a música. Mas também porque não sabia dizer "não". Então passava horas selecionando as músicas específicas para aquela pessoa, ou para aquele evento ou oportunidade, de forma mega personalizada.

Outro exemplo é quando alguém me liga pra sair pra noitada, pra tomar um chopp, seja um amigo solteiro ou alguém que está namorando ou é casado, mas que a namorada ou esposa viajou, ou está em outro evento, e aquela é uma oportunidade única para aquela pessoa sair, então eu era sempre "convocado" pra fazer a companhia nesses casos. E me sentia mal quando não podia ir por algum motivo, seja porque já tinha compromisso, ou porque estava enrolado no trabalho, ou porque tinha que fazer alguma atividade em casa que não dava pra adiar, ou porque tinha algo pra fazer muito cedo no dia seguinte, etc. Ficava meio constrangido mesmo de não poder auxiliar aquela pessoa, até porque eu sempre fui reconhecido entre os amigos como o "cara das nights", que sempre sabia quais eram as boas, sempre estava dentro de todas, que não deixava faltar uma night, etc.

Mas, desde que comecei a estudar, venho trabalhando essa questão. Ao longo do tempo, fui procurando primeiro entender quando esse tipo de situação desfavorável para mim acontecia, quando é que eu sacrificava um bem meu para atender a uma necessidade alheia, como nos exemplos das músicas ou das companhias para a noitada. Claro que eu ainda notei outros casos, que acontecem principalmente quando as pessoas (parentes, principalmente) sabem que você está em casa "de pernas pro ar" (quando na realidade está estudando, ou tentando estudar), e te pedem pra ir ao banco pagar uma conta atrasada, ou pedem pra fazer uma compra de alguma coisa urgente que tá faltando pra empregada cozinhar, ou pra levar a vovó no médico. 

Bem, essas situações todas se acumulavam em pedidos de ajuda de pessoas ao meu redor. Músicas, companhia pra night, idas a bancos, acompanhar a vovó no médico, recepcionar o veterinário do cachorro, enfim... tudo isso acontecia. Em alguns casos eram coisas que eu fazia porque gostava mesmo (no caso das músicas), e outros eram obrigações que as pessoas incumbiam a mim, pelo fato de eu estar "à toa".

Sei que de uns tempos pra cá, conforme fui intensificando o número de horas estudo por dia, e fazendo meu projeto de concurseiro tomar mais seriedade, passei a dizer "não" pra algumas dessas situações. No início foi meio complicado, as pessoas não entendiam: "por que não??? ora, você tá de bobeira, vamo lá!"... É, no início, quando apareciam esses argumentos, eu até me deixava aceitar, até porque não tinha uma disciplina tão grande, e usava o motivo da "ajuda a outrem" como desculpa pra sair e não estudar. Então, no começo as pessoas reclamavam, não entendiam, ficavam revoltadas comigo, e eu simplesmente justificava e lamentava que a pessoa estivesse triste com isso. Normalmente essas pessoas são egoístas, e estão pensando mais nelas do que em você. Elas querem a sua companhia, estão pensando no horizonte imediato, mas elas não estão na sua pele pra saber se você vai perder horas de estudo, se vai deixar de passar pro concurso público que você tanto almeja... portanto, ignore as réplicas e tréplicas dos seus amigos e parentes. No início é difícil, mas depois de fazer isso várias vezes, você vai aprendendo como era fácil e você não sabia.

Hoje em dia chego a RIR por dentro quando alguém me pede algum favorzinho desse tipo, e eu falo que não posso. Aliás, às vezes eu nem chego a negar, eu falo pra pessoa o seguinte: "fulano, estou muito atarefado ultimamente, vai ser meio complicado de fazer tal coisa; será que você não teria outro meio de fazer isso? Se você quiser/puder esperar, eu posso fazer isso pra você quando puder, mas não garanto nenhum prazo, ok?". E o mais engraçado é ver que algumas pessoas que NÃO ERAM DE FATO AMIGOS ficam putos/chateados com você, pensam mal de voce, deixam de falar com você, passam a "retribuir com a mesma moeda", te tratando mal, etc... Dá pra ver claramente isso nas pessoas. Vejo alguns que me procuravam só porque eu dava a atenção devida, e que quando parei de fazer isso (por motivos óbvios, porra, estou estudando!), passaram a me ignorar mais. E eu acho isso até BOM, porque agora aquela pessoa me deixou mais livre, parou de ficar me pedindo favores.

É claro que, uma vez ou outra, pra uma pessoa ou outra mais especial, continua sendo um prazer realizar uma ou outra atividade. Mas o que não pode acontecer é o concursando que é procrastinador (EU!) absorver todas as tarefas que as pessoas passam pra ele, tanto por vergonha ou medo de dizer "não" quanto por querer arrumar uma desculpa pra fazer alguma coisa que não seja estudar.

Bem, hoje em dia estou feliz com minha decisão. Quando alguém me liga pra sair, fica argumentando que "eu não sou mais aquele", que eu "sou fraco", que etc e tal, eu invento logo alguma mentira pra me ajudar a dizer e justificar o "não": falo que tenho aula no dia seguinte às 8h da manhã, falo que estou sem nenhum dinheiro na conta bancária (aliás, desculpa ótima, porque estou sem trabalhar, não tenho renda, então se meu dinheiro acabou há 2 meses atrás, significa que eu não tenho dinheiro mais hoje, e quando as pessoas notam isso, também te chamam menos pra sair), etc. Aliás, esse aprendizado de dizer "não" também ajuda a escapar de várias situações tipo aniversário de pessoas não muito amigas que você era convidado e acabava indo "pra não ficar chato"... Agora não existe mais isso, porque depois de um tempo todos já sabem, já notaram, já ficaram sabendo que você além de não ter mais dinheiro sobrando pra sair, é um concurseiro sério que quase não vai pra night, e que geralmente tem compromissos no dia seguinte bem cedo (aula). Ao longo do tempo os convites pra sair, os pedidos de ajuda vão diminuindo. Lamento se alguém ficar puto comigo por causa disso e deixar de falar comigo, uma pessoa desse tipo certamente não merece minha amizade.

Bem, queria fazer esse post pra deixar registrado que realmente houve essa mudança de paradigma da minha parte, e também para incentivar as pessoas que façam isso também.

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